Fragmentos da Vida e de obras de Fernando Pessoa dramatizadas pelo ator Odilon Camargo na 16ª. Edição do Festival Internacional de Artistas de Rua – Salvador – BA (Parte II)
Ponho-me a pensar nos fatos e concluo que O mundo é para quem nasce para o conquistar/ E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão… Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades.
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, o se céu, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo.
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o indefinido…
Come chocolates, pequena; come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade… com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso… eu penso… eu penso.. e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, papel de prata que é de folha de estanho, papel de prata que é de folha de estanho…
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida… Preciso pensar a Vida e o que ela me seja.
Contemplo o lago mudo
que a brisa estremece
Não sei se penso em tudo
ou se o tudo me esquece
O lago nada me diz,
não sinto a brisa mexe-lo
Não sei se sou feliz
nem se desejo se-lo
Trêmulos rincos risonhos
na água adormecida
porque fiz eu dos sonhos
a minha única vida?
Odilon Camargo, breve currículo
No Teatro:
No teatro desde 1972, participou de diversas montagens, como ator, diretor e produtor, além da direção e coordenação de oficinas de interpretação e leitura, para centenas de jovens, em vários estados, no Brasil. Atualmente, interpreta o poeta português Fernando Pessoa, no teatro.
Comunicação Social:
Na Comunicação Social desde 1966, atuou em diversas emissoras de Rádio e Televisão no Brasil e foi também locutor/produtor no Serviço Brasileiro da BBC, em Londres (1976/77). Especializou-se como locutor/narrador/apresentador/animador.
Mestre de Cerimônias em Congressos e Simpósios nacionais e internacionais e demais eventos, abrangendo praticamente todas as áreas e temas da atualidade.
Atuações no Cinema:
Produtor executivo em “Barbés Palace” – primeiro filme/documentário, (média metragem) de Guel Arraes e Ricardo Lua. Paris, 1977/78;
Ator em “Índia, a filha do sol“. Direção de Fábio Barreto. 1982, Goiás. Com Glória Pires e Nuno Leal Maia – http://www.imdb.com/title/tt0084134/
Ator em As tentações do Irmão Sebastião. Filme de José Araújo. Ceará, 2001 – http://www.imdb.com/title/tt1555367/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast
Ator em Sunland Heat – No calor da terra do sol – Filme de Halder Gomes; Ceará 2004 – Rodado em Fortaleza e Los Angeles, narrado em inglês. http://www.imdb.com/title/tt0466999/?ref_=nm_flmg_act_2
Literatura:
Autor de ‘Aliás, o livro das síndromes’, 2004.
Prepara, atualmente, a publicação do seu segundo livro, UTOPIA SIM, THOMAS!, uma alusão à Utopia de Thomas Morus, publicada pela primeira vez, em 1516.
UTOPIA SIM, THOMAS! é obra de ficção que narra fatos ocorridos em 2022, no Brasil, mudando radicalmente o nosso país e exercendo positiva e decisiva influência em todo o mundo.
Espaço da Academia Palmense de Letras (APL)